100 ANOS DO HINO NACIONAL BRASILEIRO
A História do Hino Nacional Brasileiro é pouco divulgada e geralmente se fazem apenas referências aos autores da letra e música. Tivemos várias tentativas de hinos no Brasil que terminaram recebendo modificações, de acordo com o cenário político de cada época e a maioria das versões se perdeu na História. O atual hino, nasceu ao calor das agitações populares, em um momento crítico e dramático de nossa História: a Independência do Brasil.
.Francisco Manuel da Silva, autor musical, criou um hino em 1822, e, quando D. Pedro I abdicou, ele refez o hino para saudar nossa emancipação política e terminou virando uma música que servia de grito de rebeldia da Pátria livre contra o domínio português.
Por incrível que pareça, o Hino Nacional Brasileiro foi executado durante um século, sem ter, oficialmente, uma letra.
.Várias tentativas foram feitas de anexar uma letra à música, mas não se chegou a uma conclusão, pois algumas letras ofendiam demais os portugueses e outras bajulavam em demasiado o soberano reinante. Assim, a marcha criada por Francisco Manuel da Silva, que consagraria nosso Hino Nacional, só recebeu uma letra definitiva em 1909, mas, somente 13 anos depois (1922), foi finalmente completada e oficializada como Hino Nacional Brasileiro.
.A confusão começou quando D. Pedro I fechou a Assembleia em 1823, causando grande insatisfação; foi uma repressão por parte do imperador às legítimas aspirações nacionais. No meio musical, também havia grande descontentamento, pois o imperador dissolveu a Orquestra da Capela Imperial. Francisco Manuel sofreu com a imposição de dois músicos portugueses que tinham apoio de D. Pedro I: Marcos Portugal e Simão, ambos com cargos importantes no mundo musical. Marcos era Mestre da Capela Imperial e chegou a determinar que só podiam ser tocadas no Brasil, músicas de sua autoria.
.O Hino Nacional Brasileiro permaneceu adormecido e somente em 13 de abril de 1831 foi cantado pela primeira vez, no cais do Largo do Paço (atual Praça 15 de Novembro, no Rio de Janeiro). Foi a comemoração pela partida de D. Pedro I para o exílio na Europa. Segundo contam, o Hino foi “executado entre girândolas de foguetes e vivas entusiásticos”. Esta, ainda, não era a versão atual e terminou sendo novamente esquecida ou quase nunca apresentada.
.Em 1841, o hino de Francisco Manuel da Silva voltou a ser executado, por ocasião dos festejos da coroação de D. Pedro II, agora com novos versos bajulatórios, com letra modificada por um autor desconhecido, virando assim, um “hino ao rei”.
.Depois da proclamação da República, muitos republicanos queriam, em definitivo, adotar um Hino Nacional. A música de Francisco Manuel da Silva era belíssima, majestosa, mas as letras que se alternaram ao longo da História não atingiam a beleza da musicalidade já criada. Eram letras simples demais, ou ofensivas, ou bajuladoras. Foi então, que em outubro de 1898, foi aberto um concurso, disputadíssimo, para a composição do Hino Nacional Brasileiro, com um prêmio de mil francos, conquistado pelo amador de músico, o farmacêutico Ernesto Fernandes de Souza com letra de Medeiros de Albuquerque.
.Sabe-se que, nosso grande músico brasileiro, Carlos Gomes, logo após a Proclamação da República, foi convidado pelo Governo Provisório a compor o Hino do Brasil, mas o maestro, em gratidão a D. Pedro II, respondeu o convite de forma simples e direta: “– Não posso”.
.O mais estranho é que Carlos Gomes recusou 20 contos de réis pelo convite e o farmacêutico vencedor do concurso, recusou misteriosamente receber os mil francos. O seu parceiro, Medeiros de Albuquerque queria ver o hino como oficial da República do Brasil, mas, depois de uma sugestão de um crítico do Jornal do Commercio, foi feito um segundo concurso.
.O novo concurso foi para musicar o hino de Medeiros de Albuquerque, cuja letra terminou permanecendo, porque foi previamente escolhida pelo Ministro da Justiça, e, em 4 de janeiro de 1890, 29 produções entraram em concorrência, mas terminou que nenhuma foi aceita.
.Deodoro da Fonseca, então presidente provisório do Brasil, foi para a audição dos hinos, no dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro Lírico. Ouviu os quatro hinos classificados para a final. O marechal gostou, mas disse: “- Ainda assim, prefiro o velho”. (O povo também preferia).
.Foi assinado um decreto pelo Ministro do Interior, diante de todos os outros ministros, oficializando como Hino Nacional a música de Francisco Manuel da Silva.
.FINALMENTE UMA LETRA PARA O HINO NACIONAL
.A música de Francisco é a mesma atualmente, e como podemos perceber, uma das melodias de hino mais lindas do mundo. As versões das letras, porém, tinham sido muitas, que aos poucos, foram acrescidas, modificadas e adaptadas ao Hino. As referidas versões eram inadequadas, e algumas, carregadas de regionalismos que comprometiam a beleza da música.
.Para acabar de prejudicar a obra, em cada Estado da União se cantava uma versão de letra diferente.
.Somente em 1906, foi proposto na Câmara dos Deputados que fosse dado ao Hino Nacional um único poema. Esta proposta se concretizou 16 anos depois. Assim, a letra definitiva do Hino Nacional foi criada por Joaquim Osório Duque Estrada – um poeta, escritor, professor e crítico literário –, e oficializada por Epitácio Pessoa, em 1922, pouco antes do Centenário da Independência. Como a música foi criada para ser executada por orquestra, houve uma adaptação para poder ser cantada.
.Fonte: Curiosidades da Maçonaria – Artigo de Luciano J. Antunes Urpia
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