Família reconhece corpo de piloto que estava em avião bimotor: ‘Sonhos foram interrompidos’
O corpo encontrado em alto-mar, em Paraty, na Costa Verde fluminense, na tarde de quinta-feira por uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB), é do piloto Gustavo Calçado Carneiro, de 27 anos.
A confirmação é do Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, após os familiares fazerem o reconhecimento do corpo. Gustavo é uma das três pessoas que embarcaram no avião bimotor que caiu entre Rio e São Paulo, na noite da última quarta-feira. Mais cedo, a Polícia Civil não havia conseguido identificar o corpo após exame de papiloscopia. A mãe e o irmão do homem vieram de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, durante a madrugada.
Além de Gustavo, estavam no avião José Porfírio de Brito Júnior, de 20, e um passageiro ainda não foi identificado. O bimotor saiu do Aeroporto de Jacarepaguá, na manhã de quarta, seguiu para Campinas, e retornaria à capital fluminense às 18h30. No entanto, segundo familiares do copiloto, a viagem atrasou e a decolagem só aconteceu às 20h30. Pouco depois das 21h, a mãe de rapaz, que acompanhava o trajeto, diz que perdeu contato do rastreio.
Desde a madrugada de quinta-feira a família do copiloto passou a buscar pelo rapaz.
Horas após a queda, a FAB encontrou o corpo de Gustavo já em mar aberto em Paraty. O corpo foi levado para a Base Aérea de Santa Cruz (BASC) e posteriormente para o IML de Campo Grande, onde passou por exame de necropsia e papiloscopia.
Mais cedo, muito emocionada, a mãe do jovem, Leda Macedo, afirmou que não queria crer que era o filho e que não teria estruturas para enterrá-lo. O irmão mais novo de Gustavo afirmou ao GLOBO que a família ainda não sabe onde o corpo será sepultado.
— Infelizmente essa era uma notícia que não queríamos receber. Mas é meu irmão. Não sabemos ainda onde será o enterro. Lá (em Corumbá) é uma cidade muito pequena, todo mundo conhecido e temos parentes, amigos, muitos professores dele que querem dar o último adeus— disse o universitário Guilherme Calçado Carneiro, de 21. — Sonhos foram interrompidos — completou o rapaz.
Mãe desabafa: ‘É tudo que eu tenho’
Na manhã desta sexta-feira, a namorada de Gustavo, Larissa Vicente, afirmou que não iria falar sobre o assunto. Antes do reconhecimento do corpo, a mãe do piloto afirmou que o jovem perdeu o pai há pouco tempo por Covid-19 e que estava muito triste.
— Ele (Gustavo) é tudo que tenho — desabafou.
Nas redes sociais, antes de desaparecer, Gustavo fez uma publicação em que afirmava estar no Aeroporto Campo dos Amarais, em Campinas, às 11h07.
Na manhã de quarta, Gustavo, José e um passageiro — ainda não identificado — saíram do Aeroporto de Jacarepaguá, em direção à Campinas. De acordo com parentes do copiloto, a aeronave deveria voltar para a capital fluminense às 18h30. Entretanto, houve um atraso e o voo só saiu de Campinas às 20h30. Minutos depois a família de José perderia o contato com o filho.
O Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico de Curitiba foi notificado do desaparecimento da aeronave PP-WRS às 4h15 desta quinta quando um helicóptero começou as buscas pelos desaparecidos.
Desde a madrugada dessa quinta, a FAB, a Marinha e os Corpos de Bombeiro do Rio e de São Paulo ajudam nas buscas.
Namorada de copiloto reclama de demora por buscas
A estudante universitária Thayla Ares Viana, de 20 anos, reclamou em suas redes sociais nesta sexta-feira da demora para o início das buscas ao namorado, o copiloto José Porfírio de Brito Júnior, uma das três pessoas que estavam em um avião bimotor que caiu entre Paraty (RJ) e Ubatuba (SP).
Em seu perfil no Instagram, logo no começo da manhã, Thayla publicou que estavam esperando a liberação do condomínio Laranjeiras, em Paraty, para entrarem e poderem iniciar as buscas. Segundo a estudante, ela aguardava no local desde as 5h30 desta sexta-feira, mas as operações não poderiam ocorrer antes de determinado horário. Somente às 7h41 ela publicou que a Defesa Civil estava começando os trabalhos, embora sem os bombeiros.
“Estamos aguardando a liberação do condomínio, para entrarmos, e também temos dois barcos esperando desde 5:30 e NADA de deixarem começarmos as buscas”, escreveu. “Como vai ser isso? As buscas não podem acontecer após o sol se pôr e quando o sol raia temos que esperar dar o horário!?”, questionou.
Pouco antes, a jovem já havia feito um apelo ao Corpo de Bombeiros para que continuassem as buscas pelo namorado e os outros ocupantes do bimotor. A Força Aéra Brasileira (FAB) informou que as equipes de resgate localizaram, na tarde de ontem, um corpo que pode ser de uma vítima do avião bimotor desaparecido. O corpo foi resgatado e transportado até a Base Aérea de Santa Cruz (BASC).
Por volta das 6h05 de hoje, Thayla atualizou que teriam que esperar até as 8h para o início das buscas. “Em que país isso tem cabimento?”, contestou.
Procurado, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro afirmou que segue deste a noite de quarta-feira no apoio à Aeronáutica, na operação de resgate aos tripulantes da aeronave. A corporação disse ainda que as operações aéreas e marítimas foram reiniciadas na manhã desta sexta-feira às 5h.
“A ação de busca em mar aberto é coordenada pelo Salvaero. Na quinta-feira foram empregadas aeronaves, embarcações e motos aquáticas fazendo varredura em toda região costeira, reforçando as buscas com abrangência na área dos limites do Estado do Rio. As equipes do CBMERJ permaneceram fazendo buscas terrestres, após o pôr do sol pela região costeira de praias”, disse em nota.
Fonte: Jornal Extra – Por Rafael Nascimento de Souza
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